Decorreu, no passado dia 13 de maio, o Seminário Inclusão: Um Direito Inegociável, promovido pela Escola de Educação e Desenvolvimento Humano do ISEC Lisboa. Um dia inteiramente dedicado a debates, conferências e apresentações de projetos com a intenção de promover um caminho mais eficaz e mais humanizado no que refere à temática da inclusão no sistema educativo, tanto nas escolas como na sociedade, que deve também ela ser educadora e inclusiva.

O painel da manhã foi iniciado pelo diretor da Escola de Educação e Desenvolvimento Humano (EEHD), o Professor Doutor Rui Fonseca, em representação da Presidente do ISEC Lisboa, a Professora Doutora Cristina Ventura, e pela Professora Doutora Patrícia Pacheco, Coordenadora da Pós Graduação Educação Especial – domínio cognitivo-motor. O diretor da EEDH abordou o tema da exclusão social em diversos campos apontando que “no nosso quotidiano, por ventura, a necessidade de inclusão com que mais nos deparamos é a inclusão social ou a falta dela. Portugal, no quadro da União Europeia, ainda tem graves problemas de inclusão social por resolver e eles tornam-se mais visíveis em períodos de dificuldades económicas. Basta ligar o televisor, o rádio, o computador, o smartphone para nos depararmos com notícias de graves situações de exclusão social, exclusão de acesso à habitação, exclusão territorial, exclusão de acesso à saúde, exclusão de acesso ao mercado de trabalho, exclusão do acesso a práticas culturais”, começou por sublinhar. “A exclusão digital ainda é uma forma preponderante de exclusão que afeta milhares de portugueses”, ressalvou ainda.

Seguiu-se David Rodrigues, membro do Conselho Nacional de Educação, que focou o seu discurso na temática dos Direitos Humanos e no papel predominante da escola na disseminação de valores como a inclusão. O Professor Doutor David Rodrigues afirmou que "o grande recurso para a inclusão são os recursos que estão na escola, existindo quatro valores fundamentais para o reforço da educação inclusiva em estabelecimentos de ensino: a confiança nas escolas, flexibilidade, colegialidade e os recursos.” A escola é o lugar que mais poderá contribuir para a inclusão pois "é nela que são fomentados estas ideias e é nesta que residem todos os recursos necessários para que a mesma seja disseminada por toda a comunidade”, destacando ainda que “a inclusão é fundamental para que a diversidade não se constitua como um obstáculo, um argumento contra a equidade e os direitos humanos”.

No programa seguiu-se uma mesa redonda, moderada por Nelson Santos, docente do ISEC Lisboa, onde Fátima Paulo, da associação Contramão, Jorge Falcato, do Centro de Vida Independente e José Morgado, do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, debateram o tema Inclusão: Um Debate Ampliado. Em discussão esteve a questão da acessibilidade e a conclusão de como esta é uma forma de inclusão social que se encontra ainda muito aquém do expectável.

Em simultâneo, com mesa redonda, decorreram breves apresentações de projetos diretamente ligados à educação inclusiva. Paula Caniça Guerra, da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, apresentou o projeto Cavalo e Eu…Juntos à Descoberta! e Eduardo Dinis, da Crinabel, o tema O Desporto Como Meio de Inclusão.

O programa da tarde iniciou-se com uma mesa redonda, moderada por Marco Ferreira, docente do ISEC Lisboa, onde Jorge Nascimento, Diretor do Agrupamento do Agrupamento Escola Padre Bartolomeu Gusmão, Maria Santa-Clara Barbas, da Escola Superior de Educação de Santarém e Cristina Espadinha da rede NEE Universidade de Lisboa debateram o tema - A escola…e Depois? Caminhos Diversos, no Auditório Hélder Pita ao mesmo tempo que na sala B12 Bruno Rodrigues e Mara Pacheco da VO´ARTE/CiM - Companhia de Dança apresentaram o projeto da Geração SOMA para em seguida Andreia Martins e Paulinho Oliveira, da Associação Museu das Emoções, apresentarem o projeto - Tira as Emoções da Mala.  

A agenda deste dia continuou com uma conferência dada pelo Professor Domingos Fernandes, Presidente do Conselho Nacional de Educação. Orgulhoso professor, num discurso humanizado e até com nuances de partilha de experiências muito pessoais, salientou a necessidade de uma maior democratização do sistema educativo e para o facto de considerar que a “formação de professores deve acontecer também nas instituições onde estes se inserem” e que ela deve ser contínua. “A formação dos professores e educadores tem que ser profundamente repensada”, atirou ainda veementemente apesar de, na sua opinião, Portugal, que até teve um atraso cultural de décadas como consequência de ter tido um regime de ditadura, ser visto como um exemplo positivo no que toca à educação no panorama europeu. “Temos que ter sempre a cabeça acima da espuma dos dias”, apelando à prática de se tentar ter uma visão que projete o futuro ao invés de se colmatar apenas as necessidades do presente, numa alusão ao título do afamado romance de 1947 do escritor francês Boris Vian, para alertar para o perigo de se perder, ou deixar desvanecer, as ações que não sejam projetadas de forma firme, como uma ponte sólida e de constante construção que sirva o futuro do colectivo.

A sessão de encerramento deste seminário ficou a cargo de Vítor Cruz, Professor Universitário da FMH, que fez um resumo do dia, um que foi inteiramente dedicado à inclusão na educação, que contou com quase uma centena de participantes, deixando claro a importância deste tema. Este seminário teve o cunho da Cátedra "A Cidade que Educa e Transforma", liderada pelo ISEC Lisboa e foi promovido pela Escola de Educação e Desenvolvimento Humano e organizado pela Coordenadora da Pós-Graduação em Educação Especial: Domínio Cognitivo e Motor e pelos respetivos docentes da comissão científica e organizadora.

 

GCI | maio 2023


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